Qumran e os Manuscritos do Mar Morto
O que são os manuscritos do Mar Morto ?
É o nome popular dos cerca de 800 manuscritos e fragmentos encontrados em 11 cavernas perto de Khirbet (“ruína de”) Qumran, na praia noroeste do mar Morto, num curto espaço de tempo, a partir de 1947. Em conjunto, estes manuscritos em pergaminho e PAPIRO (papel primitivo) foram uma descoberta sem precedentes na arqueologia moderna. Os manuscritos do mar Morto ajudaram os estudiosos a: (1) estabelecer que a Bíblia hebraica foi organizada numa data não superior a 70 d.C.;
Quando foram descobertos os Manuscritos do mar Morto ?
Os manuscritos do mar Morto foram descobertos quando um pastor beduíno que procurava por uma cabra desgarrada encontrou vários potes grandes feitos de barro contendo rolos antigos, no chão de uma caverna situada acima do uádi Qumran. Passado algum tempo, negociantes de antigüidades mostraram os manuscritos a diversos estudiosos. Quando foi constatado que eles eram extremamente velhos, os arqueólogos deram início a uma verdadeira caçada aos manuscritos.
A importância dos Manuscritos do Mar Morto
Lentamente, vários outros rolos valiosos foram encontrados, reunidos, cuidadosamente desenrolados e publicados. Foram necessários 20 anos (1947-1967) para organizar os vários textos dos manuscritos do mar Morto. Como foram escritos entre 250 a.C. e 68 d.C., esses manuscritos são um recurso de valor incalculável para a compreensão das crenças, da vida comunitária e do uso da Bíblia num grupo de judeus, provavelmente os essênios, que eram muito ativos na época em que Jesus viveu. Jericó, uma das cidades visitadas por Jesus, fica de Khirbet Qumran.
Certos estudiosos acreditam que alguns dos primeiros seguidores de Jesus ou de João Batista podem ter vindo da comunidade de Qumran. Alguns apenas 13 quilômetros ao norte a textos desta comunidade evocam os temas do “arrependimento” e do “início de uma nova dispensação”, que foram pregados por João Batista e Jesus. Entretanto, não há evidência de que seguidores de João ou de Jesus tenham se juntado ao grupo de Qumran.
Os textos são obra de sectários judeus, escritos principalmente em hebraico, exceto por poucos textos em aramaico e fragmentos em grego. Alguns rolos foram escritos para denunciar o sacerdote ímpio que estava encarregado do culto no Templo de Jerusalém. É provável que o principal motivo que levou à formação dessa comunidade monástica tenha sido justamente o desejo que aqueles homens tinham de ficar bem longe do “sacerdote perverso” e ouvir as palavras do “mestre da justiça”. Nem todos os manuscritos do mar Morto foram traduzidos e publicados. Provavelmente, os mais interessantes foram os encontrados na caverna 1, não muito distante de Qumran.
Sete rolos foram encontrados em excelente estado de conservação, pois tinham sido cuidadosamente armazenados em grandes jarros de barro. Entre eles, estão:
1. Um manuscrito completo do livro de Isaías, em hebraico.
2. Um manuscrito incompleto do livro de Isaías em hebraico. Os dois manuscritos são bem nítidos e legíveis, mesmo depois de mais de 2 mil anos, e constituem as mais antigas cópias de Isaías que se conhece.
3. O Preceito da Comunidade, ou Manual de Disciplina, que contém as leis que regiam a vida da comunidade de Qumran.
4. Os Hinos de Ações de Graças, semelhantes aos salmos bíblicos. Eles louvam a Deus por sua proteção contra o mal: “Graças te dou, ó Senhor, pois guardaste a minha alma e me livraste das garras da corrupção”.
5. O Rolo da Guerra é uma interessante coleção de planos para a batalha final entre os “filhos da luz” e os “filhos das trevas”, ou entre o “exército de Deus” e o “exército de Belial” (o Maligno). Estão incluídas, também, informações várias,como serviços religiosos em tempos de guerra, alistamento militar, seqüência de campanhas e o posicionamento dos pelotões para a batalha. – Um comentário sobre o livro de Habacuque, conhecido como Pesher de Habacuque, foi escrito para mostrar que o profeta Habacuque, que viveu no século sétimo a.C., estava de fato escrevendo sobre a batalha dos últimos dias, quando os ímpios seriam derrotados pelos justos. O autor do Pesher de Habacuque faz diversas referências a passagens de Habacuque, aplicando-as aos acontecimentos que estavam se desenrolando em sua época. Uma das divisões traz o seguinte comentário: “E Deus disse a Habacuque que escrevesse o que aconteceria à última geração, mas não o fez conhecer quando se daria o final dos tempos. E quanto ao que ele diz: ‘Para que a possa ler até quem passa correndo’; interpreta-se esta passagem como sendo referente ao Mestre da Justiça, a quem Deus fez conhecidos todos os mistérios das palavras de Seus servos, os profetas”.
7. O Gênesis Apócrifo, um “comentário” sobre o livro de Gênesis, foi preservado apenas parcialmente. Escrito por volta de 50 a.C., em aramaico, a língua falada popularmente pelos judeus, o texto começa com o nascimento de Noé e narra a vida e as aventuras de Abraão.
Estes sete manuscritos são do mesmo tipo dos rolos encontrados nas outras cavernas da margem ocidental do mar Morto. O material descoberto inclui vários tipos de literatura. Há numerosos fragmentos bíblicos, tais como comentários de Isaías, Oséias, Miquéias, Naum, Habacuque, Salmos 37, Salmos 45 e al Gênesis. Com exceção de Ester, todos os livros do Antigo Testamento foram encontrados no todo ou em parte.
Foram encontrados textos apócrifos e pseudepígrafes espalhados em várias cavernas. Fragmentos de Tobias e Eclesiástico, pertencentes aos apócrifos, mostram a importância dessas obras para a comunidade. Entre os pseudepígrafes descobertos em Qumran encontram-se o livro dos Jubileus, o livro de Enoque, os Testamentos dos Doze Patriarcas, as Palavras de Moisés, o Testamento de Arão, os Salmos de Josué, a Prece de Nabonido e o livro dos Mistérios. Alguns hinos e salmos que foram encontrados e se encaixam nessa categoria são: O hino dos Iniciados, o livro dos Hinos (Os Hinos de Ações de Graças), Salmos 151, Poemas de um Hinário de Qumran, Lamento por Sião e hinos de Triunfo.